Hérnia Abdominal ou inguinal?

07-09-2016 13:40

O que é uma Hérnia Abdominal?

 

Uma hérnia abdominal é a protusão (saliência) de uma parte do organismo, geralmente o intestino, que se exterioriza através de um ponto fraco no abdómen, que pode ser natural ou adquirido.

 

As hérnias umbilicais são uma das formas comuns de hérnia abdominal bem como as hérnias inguinais que ocorrem na zona da virilha. Outra forma a reter é a chamada hérnia incisional que, como o nome sugere, ocorre na zona onde foi feita uma incisão cirúrgica.

 

Classificação das hérnias abdominais

 

As hérnias abdominais são classificadas como abdominais ou inguinais. As hérnias de parede abdominal incluem hérnias umbilicais, hérnias epigástricas, hérnias de Spigel e hérnias incisionais (ventrais).

 

Hérnias inguinais incluem as hérnias inguinais propriamente ditas e as hérnias femorais. As inguinais ocorrem acima do ligamento inguinal. Hérnias femorais/crurais ocorrem abaixo do ligamento inguinal e vão para o canal femoral.

 

Cerca de 75% de todas as hérnias abdominais são hérnias inguinais. Hérnias incisionais correspondem a outros 10 a 15%. Hérnias femorais e outras não usuais representam os 10 a 15% restantes.

  • Hérnia inguinal indireta - Na vida intrauterina, o testículo e o ovário localizam-se dentro do abdómen, junto ao rim. Durante a vida fetal, o testículo migra dessa área intra-abdominal para a bolsa escrotal. Esse trajeto deixa um ponto fraco na parede abdominal, susceptível à formação da chamada hérnia inguinal indireta. Na mulher, o ovário migra para dentro da bacia. Por essa razão, existe hérnia inguinal indireta no homem e na mulher, mas a incidência é muito maior no sexo masculino. Esta é a hérnia mais frequente do organismo.
  • Hérnia inguinal directa - Ocorre quando um ponto fraco é originado "diretamente" na parede abdominal próximo à região inguinal baixa junto à linha média.
  • Hérnia Femoral/Crural - Junto à coxa existe um orifício denominado de anel crural ou femoral por onde passam músculos, vasos e nervos que dão motricidade e sensibilidade ao membro inferior. Esse local constitui um ponto fraco onde podem surgir hérnias denominadas de hérnias crurais.
  • Hérnia Umbilical – O umbigo é o local por onde o feto foi alimentado durante a gestação. No umbigo não existe proteção muscular como na restante parede abdominal, tornando-o num ponto fraco natural, mantém-se fechado por uma fibrose constituída por tecido cicatricial. É frequente no recém-nascido e quase sempre fecha espontaneamente. O umbigo, no entanto, permanece como um ponto fraco através do qual pode se originar hérnia, na vida adulta.
  • Hérnia Epigástrica - Os músculos da parede lateral do abdómen entre-cruzam na linha média, formando uma estrutura fibrosa de tipo cicatricial muito firme, denominada linha branca/alba. Por essa estrutura passam vasos sanguíneos que vão irrigar a parede abdominal. O alargamento lento e progressivo do trajeto desses vasos pode dar origem às chamadas hérnias epigástricas.
  • Hérnia Incisional - Ocorrem como complicação de cirurgias. A causa mais frequente é a infecção do ferimento operatório (corte da cirurgia) que destrói os pontos da cirurgia.  Era muito frequente antigamente, quando os métodos de assepsia eram menos eficientes e os fios de sutura não tinham a qualidade dos atuais. Estes, além de mais resistentes, provocam menos reação do organismo e, por consequência, menos infecções.
 

Hérnias Abdominais

 

As causas mais comuns de hérnia abdominal são a obesidade, a gravidez, actividades como levantar pesos, a tosse crónica que ocorre em doenças como a fibrose quística ou as infecções crónicas dos pulmões, a obstipação, o género masculino, a existência de antecedentes familiares de hérnia e a realização de cirurgia abdominal. Todos estes factores, ou pelo aumento da pressão ou pela fraqueza da parede abdominal, aumentam o risco de desenvolvimento de uma hérnia abdominal.

 

Sintomas
  • A primeira manifestação de uma hérnia é a detecção de uma saliência por baixo da pele, em regra indolor mas que pode causar desconforto e tornar-se mais evidente durante actividades que impliquem esforço, como o tossir.
  • Pelo contrário, a hérnia tende a atenuar-se ou a desaparecer na posição deitada.
  • Nas fases iniciais é possível reduzir a hérnia, ou seja, empurrar o seu conteúdo para o interior da cavidade abdominal. Quando ela se torna maior pode ficar encarcerada, o que significa que já não é possível reduzi-la.
  • Se o fluxo sanguíneo ficar interrompido, ocorre estrangulamento que se manifesta por dor, náuseas, vómitos e paragem dos movimentos intestinais com obstipação. Nesse caso, a pele sobre a hérnia fica vermelha, com sinais inflamatórios marcados. Pode ocorrer febre.
  • Os sintomas irão depender do órgão que se introduziu na parede abdominal. Para lá do intestino, uma hérnia pode conter a bexiga, o cólon ou nervos ocorrendo manifestações diferentes do foro urinário ou sexual.
 
Causas/Factores de Risco

 

Todos os seguintes factores, ou pelo aumento da pressão ou pela fraqueza da parede abdominal, aumentam o risco de desenvolvimento de uma hérnia abdominal:

  • Obesidade
  • Gravidez
  •  Levantamento de pesos
  • Tosse crónica que ocorre em doenças como a fibrose quística ou as infecções crónicas dos pulmões
  • Obstipação,
  •  Ser do género masculino
  •  Existência de antecedentes familiares de hérnias
  • Realização de cirurgia abdominal.

 

Tratamento

 

Para além da cirurgia o tratamento passa por evitar actividades que impliquem esforço como levantar pesos ou outro tipo de exercícios violentos. É também aconselhado o uso de faixas abdominais, estas são úteis e ajudam a reforçar a zona da parede abdominal enfraquecida. Caso seja uma hérnia umbilical existe uma faixa específica para este caso, por ser mais localizado.

 

Faixa abdominal

Faixa abdominal

 

Faixa umbilical

Faixa umbilical

 

Hérnias Inguinais

 

Na maioria das pessoas, persistência do canal peritoneo-vaginal ocorre à nascença, quando este não encerra corretamente. Outras pessoas, sofrem o enfraquecimento ao longo da vida por fatores como a idade, atividade física intensa e tosse acompanhada de hábitos tabágicos.

 

Nos homens, o ponto enfraquecido surge geralmente no canal inguinal, por onde o cordão espermático entra no escroto. Nas mulheres, o canal inguinal tem um ligamento que ajuda a manter o útero no lugar, e as hérnias por vezes ocorrem quando o tecido conjuntivo do útero se liga ao tecido à volta do osso púbico.

 

Hérnia Inguinal

Sintomas
  • Algumas hérnias inguinais não provocam sintomas. Poderá não se aperceber dela até que o seu médico a descubra num exame de rotina.
  • A hérnia pode ser visível sempre ou somente quando o paciente faz algum esforço que aumente a pressão intra-abdominal, como tossir, chorar, fazer força para evacuar ou pegar algum peso.
  • Na maioria dos casos, a hérnia é mais visível quando o individuo encontra-se em pé.
  • Dor local ou sensação de desconforto são comuns, principalmente após algum esforço.
  • Quando o paciente deita-se,algumas hérnias retornam espontaneamente à região abdominal, fazendo com que a protuberância desapareça.
  • Em outros casos, a hérnia precisa ser empurrada com o dedo de volta para dentro.
  • Mas existem casos em que a hérnia não é redutível, ou seja, mesmo quando tentamos empurrá-la para dentro do abdómen, ela não se move.
 
Causas
 

Como já mencionado as hérnias inguinais ocorrem devido a um ponto fraco na região inguinal, no entanto, podem ocorrer como resultado de:

  • Pressão aumentada no abdómen
  • Um ponto enfraquecido na parede do abdómen
  • Esforço excessivo a urinar ou a defecar
  • Levantamento de pesos
  • Fluído no abdómen
  • Gravidez
  • Tosse ou espirros crónicos
 
Factores de risco
  • Ser homem. Existe muito mais probabilidade de desenvolver uma hérnia inguinal se for homem. Também, a maioria das crianças e recém-nascidos que desenvolvem hérnias inguinais são rapazes.
  • Histórico familiar. O risco de desenvolver uma hérnia inguinal aumenta se tiver um familiar direto que tenha sofrido deste problema.
  • Outros problemas de saúde. Pessoas que sofram de fibrose cística (uma condição que provoca danos pulmonares graves e  tosse crónica) têm mais probabilidade de desenvolver uma hérnia inguinal.
  • Tosse crónica. Por vezes o tabaco pode aumentar a frequência de tosse e aumentar o risco de desenvolver uma hérnia inguinal.
  • Obstipação crónica. O esforço excessivo durante a tentativa de defecar é uma causa comum do aparecimento de hérnias inguinais.
  • Peso corporal em excesso. Ter peso a mais coloca pressão adicional no abdómen.
  • Gravidez. Pode enfraquecer os músculos abdominais e provocar uma pressão aumentada no abdómen.
  • Certas ocupações. Ter um trabalho que requeira estar em pé durante longos períodos ou fazer levantamento de pesos aumenta o risco de desenvolver uma hérnia inguinal.
  • Parto prematuro. Um bebé prematuro tem maior probabilidade de desenvolver uma hérnia inguinal.
  • Histórico de hérnia inguinal. Se já teve uma hérnia inguinal, há uma maior probabilidade de desenvolver também do lado oposto.
 
Tratamento
 

Para além da cirurgia, existe o tratamento clássico com fundas de contenção unilaterais ou bilaterais, que é um método altamente eficaz especialmente em pacientes que sofram por razões de idade avançada ou doenças graves impeçam a cirurgia por razões de risco.

 

Funda para hérnia inguinal unilateral

Funda para hérnia inguinal unilateral

 

Boxer para hérnias unilaterais ou biilaterais

Boxer para hérnias unilaterais ou biilaterais

Hérnia Encarcerada

 

Caso não seja possível recolocar a hérnia no abdómen, poderá significar que a hérnia está presa na parede abdominal. Uma hérnia encarcerada pode levar a uma hérnia estrangulada, que reduz ou corta o fluxo sanguíneo ao intestino. Uma hérnia estrangulada não tratada pode significar risco de vida.

 

Sintomas de hérnia estrangulada
  • Náuseas
  • Vómitos
  • Febre
  • Aceleração do ritmo cardíaco
  • Dor intensa
  • A tumefação da hérnia muda de cor para rosa ou avermelhado
 
Tratamento
 

O estrangulamento herniário causa risco de vida e exige tratamento imediato, de urgência. Nas primeiras horas do estrangulamento pode-se tentar reintroduzir manualmente o conteúdo do saco herniário para dentro da cavidade abdominal e, então, programar o tratamento cirúrgico posteriormente. Porém, decorridas seis ou mais horas do estrangulamento, não se deve indicar a redução. Indica-se cirurgia de imediato, pela gravidade decorrente da gangrena do intestino.

 

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